Em quase seis anos, o número de expositores no evento aumentou 425%
Desde agosto de 2014, a Feira da Freguesia movimenta o Centro Histórico de São José no segundo domingo de cada mês. O evento foi criado pela Prefeitura de São José, por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo, com o objetivo de resgatar o Centro Histórico como área de convívio para a comunidade, valorizando e dando visibilidade à cultura local. Além de encantar e alegrar moradores e visitantes, a Feira que já se tornou uma tradição para a cidade também se firmou como oportunidade para os produtores locais.
A cada domingo, cerca de duas mil pessoas visitam a Feira da Freguesia para acompanhar as atrações artísticas e culturais. Passear pela Praça Hercílio Luz durante o evento também é uma oportunidade para o público conhecer um pouco da produção realizada artesãos e pequenos produtores da cidade. A primeira edição do evento foi realizada em agosto de 2014 com a participação de 40 expositores. Atualmente a Feira conta com cerca de 180 expositores de artesanato e 30 da área da gastronomia, em um aumento de 425%.
De acordo com a prefeita Adeliana Dal Pont, fomentar a cultura local e gerar oportunidades de emprego e renda é uma prioridade para o Município. “Sentimos uma alegria imensa em ver que a comunidade cada vez mais participa da Feira da Freguesia, um evento que, além de retomar o Centro Histórico como um espaço importante de convívio para as famílias, tem também um papel fundamental para a preservação das tradições folclóricas e a valorização das manifestações artísticas da nossa cidade por meio do artesanato, além de ser um espaço para os produtores locais”, diz Adeliana.
Rita de Cássia Stotz, 63 anos, é uma das integrantes do ateliê Meninas da Terra, que participa desde a primeira edição da Feira da Freguesia realizada em agosto de 2014. Com o trabalho em conjunto, elas dão vida ao folclore regional, criando peças como o Boi de Mamão, utilitários e vasos com as técnicas aprendidas na Escola de Oleiros Joaquim Antônio de Medeiros. Rita conheceu as colegas de trabalho Marizete Pazeto Zonta e Rosilene Guedes Secco na Escola de Oleiros, o que fez surgir o grupo Meninas da Terra.
“No início a gente só criava as peças para se divertir e, nesse intervalo de tempo, recebemos o convite para participar da Feira da Freguesia. A partir do evento, gente pode começar a produzir mais peças, porque a participação na feira não é importante apenas para vender, mas também para receber encomendas e, o principal de tudo, tanto para nós como para outros feirantes, é a oportunidade de fazer contatos para divulgar o nosso trabalho, dando uma satisfação muito grande”, revela Rita.
“A feira é algo que acontece com o boca a boca. A pessoa vai e fala para os amigos, o que faz surgir um público cativo, que espera o segundo domingo do mês para participar do evento que, além de servir como meio para venda, encomenda, divulgação, deu um upgrade no Centro Histórico, que estava triste. A partir da Feira da Freguesia passamos a ver uma nova movimentação no comércio no entorno da Praça”, ressalta a artesã, que destaca como grande mérito da Fundação Municipal de Cultura e da Prefeitura de São José o resgate do Centro Histórico da cidade.
Desde a primeira edição da Feira da Freguesia, mais de 1 mil atrações culturais já passaram pelo palco principal, pelo coreto da Praça Hercílio Luz, Biblioteca Pública Municipal, Museu Histórico, Casa da Cultura, Casa de Ensaios e Casa da Municipalidade.
Moradora do bairro Jardim Cidade de Florianópolis, Maria Beatriz Brustolin Giaretta e o marido Oscar Giaretta são integrantes do Grupo de Arte e Cultura Querência Açoriana desde a sua fundação em novembro de 2013. O grupo participa da Feira da Freguesia desde o seu início, o que considera uma oportunidade para arrecadar recursos e divulgar a cultura por meio da dança.
“É uma oportunidade a mais que o grupo tem de levantar recursos, pois levamos ao evento a nossa gastronomia típica, servindo carreteiro e paçoca de pinhão. É um trabalho prazeroso, no qual também temos a oportunidade de mostrar nossa cultura por meio da dança. A Feira veio para ficar, dando oportunidade para a cultura, gastronomia e para o artesanato. É um evento do qual participamos sem custos, trazendo a alegria e a revitalização da Praça que anteriormente era um espaço pouco conhecido e hoje atraí um grande público, levando a alegria para as pessoas”, assinala Maria Beatriz.
O grupo atualmente possui 90 integrantes e cresce com a procura de novos membros para as atividades de Invernada veterana, adulta, juvenil e Mirim, com ensaios na segunda e quarta-feira, a partir das 19h30min, no Centro de Atenção à Terceira Idade (CATI), além de ensaios dos membros individuais, que declamam, e os intérpretes vocais. “A cultura é fundamental em qualquer local. Trabalhamos, mas é muito prazeroso”, destaca.
Para a superintendente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo, Joice Porto, a Feira da Freguesia é um espaço no qual as pessoas de diferentes idades se reúnem para desfrutar da cultura josefense de forma diferenciada. “Oferecer diversas atrações no Centro Histórico de São José resgata a história do nosso município e fomenta a economia local, atraindo novos turistas para desfrutar de um espaço que é destinado para ampliar a cultura e a convivência entre as pessoas”, pontua Joice.
Oportunidade
Com uma lista de espera de mais de 200 interessados em exibir suas peças ou gastronomia, a Feira da Freguesia conta com diversas edições especiais, para marcar datas importantes celebradas pela população, como o Carnaval, Dia da Mulher, Aniversário da Cidade, Dia do índio, Dia das Mães, Festa Junina, Esportes, Meio Ambiente, Semana Açoriana, Conscientização Negra e Natal.
Em 2019, a edição de Natal foi a que mais marcou o trabalho da artesã Rita Aparecida Rodrigues Cividini, 58 anos, moradora do bairro Picadas do Sul e aluna da Escola Profissional Noeli Henzen Ozol. Com a divulgação das primeiras edições da Feira da Freguesia, a artesã procurou a equipe da Fundação de Cultura para fazer a inscrição e participa do evento há quatro anos. Com um início discreto, Rita foi se especializando na Escola e atualmente vende seus produtos e de amigas.
“No início, eu fazia artesanato em casa e na Escola Profissional, mas não tinha onde divulgar e expor porque era uma coisa pequena, até que surgiu a feira. Comecei levando meus produtos para o evento e todo mês eu produzia para expor em uma barraquinha que tinha em casa. Deste modo, comecei a progredir e o ano de 2019 foi muito bom. Com a feira, consegui fazer vendas do fim do ano maravilhosas. Vendi muito e para fora do Brasil, o que me surpreendeu bastante. Meu artesanato me deixa muito feliz, pois não esperava tanto e se tornou muito bem recebido”, afirma Rita.
A nova profissão de Rita também foi importante na luta contra a depressão que se desenvolveu após a morte da mãe. A partir do convite de uma amiga, ela iniciou as aulas de artesanato e superou os desafios da doença. “Comecei a trabalhar com o artesanato porque tive depressão. Fui levada por uma amiga na Escola Profissional e comecei a melhorar muito, sendo que até os medicamentos que estava tomando foram retirados pelo médico. Agora estou focando bastante no artesanato. A Feira da Freguesia para mim é algo maravilhoso, que me faz bem como artesã e pessoa, pois a gente faz muitas amizades e temos pessoas que vêm de fora elogiando e dizendo que a feira é muito linda”, completa.
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