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Orientações aos Serviços de Saúde em Situação de Inundação

Em virtude dos altos volumes de chuva registrados no Estado nos últimos dias, há risco para deslizamentos de terra e inundações no litoral do Estado de SC principalmente nos municípios de Florianópolis, Governador Celso Ramos, Itapema, Penha, São José, São Francisco do Sul, Balneário Camboriú, Antônio Carlos, Palhoça, Navegantes, Biguaçú, Itajaí, Santo Amaro da Imperatriz, Tijucas e Garopaba.

As experiências mostram que as principais ocorrências epidemiológicas após as inundações são: os traumatismos (afogamentos, lesões corporais, choques elétricos, entre outros), os acidentes por animais peçonhentos e o aparecimento de surtos de doenças infecciosas, principalmente a leptospirose, doenças respiratórias, doenças de transmissão hídrica e alimentar.

Considerando o Decreto nº 18.278 de 11 de janeiro de 2018 o qual declara em situação anormal, caracterizada como situação de emergência no município de Florianópolis, afetado por chuvas intensas a Gerência de Vigilância Epidemiológica (GVE) orienta quanto à possibilidade de aumento de casos algumas doenças, alertando aos profissionais sobre a identificação precoce de casos suspeitos, tratamento e medidas de prevenção adequados.

Leptospirose

Os surtos de leptospirose podem ocorrer após os períodos de inundações pelo contato com água ou lama contaminadas pela urina de animais portadores, principalmente roedores domésticos (ratazanas, ratos de telhado e camundongos). O período de incubação é de 1 a 30 dias após o contato com a água ou lama de enchentes contaminadas. O contato ocorre durante e imediatamente após as enchentes, quando as pessoas realizam a limpeza das casas. Portanto, deve-se estar alerta à possibilidade de ocorrência de casos e surtos de leptospirose nas 4 ou 5 semanas que se seguem ao fim da inundação.

Doenças de transmissão hídrica e alimentar

A contaminação das redes públicas de abastecimento pode ocorrer pela entrada de água poluída nos pontos de vazamento da rede, além da interrupção temporária das atividades das estações de tratamento. Como o consumo de água é uma necessidade básica, muitas vezes a população acaba utilizando água contaminada, expondo-se ao risco de diarreia, cólera, febre tifoide, meningites por enterovírus e hepatites A e E.

Período de incubação: A cólera e as demais doenças diarreicas agudas têm período de incubação curto, variando de algumas horas até 5 dias. O período de incubação da meningite por enterovírus é de 3 a 4 dias, o da febre tifóide é, em média, de 15 dias e o das hepatites A e E é de 30 dias, sendo estas doenças possíveis consequências tardias das inundações.

Doenças de Transmissão Respiratória

O deslocamento da população para alojamentos e abrigos pode favorecer a disseminação de doenças de transmissão respiratória. Alertar para ocorrência de casos ou surtos de síndrome gripal, meningites, difteria, coqueluche, varicela, doença exantemática, tuberculose ou outras. 

Iniciar precocemente (preferencialmente até 48h) a utilização de antiviral em todos os casos de Doença Respiratória Aguda Grave por influenza. Além dos medicamentos sintomáticos e da hidratação, está indicado o uso de fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) para todos os casos de Síndrome Gripal que tenham condições e fatores de risco para complicações, independentemente da situação vacinal. Esta indicação fundamenta-se no benefício que a terapêutica precoce proporciona tanto na redução da duração dos sintomas quanto na ocorrência de complicações da infecção pelos vírus da influenza, em pacientes com condições e fatores de risco para complicações.

Acidentes por animais peçonhentos

Nas enchentes e em situações de alagamentos, os animais peçonhentos como serpentes, aranhas e escorpiões procuram abrigo em locais secos, invadem as residências, aumentando o risco de acidentes. Estes casos devem ser notificados para a Vigilância Epidemiológica do Município e para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina – CIATox, 24 horas por dia no telefone 0800 643 5252.

Tétano

A ocorrência de ferimentos aumenta o risco de contaminação pelo bacilo do tétano através do solo, poeira e nas fezes de alguns animais, sendo necessárias algumas medidas de prevenção e controle: 

– Avaliar a conduta frente a ferimentos suspeitos conforme o esquema de condutas profiláticas de acordo com o tipo de ferimento e situação vacinal.

– Avaliar a situação vacinal contra o tétano da sua comunidade de abrangência através da identificação e busca de faltosos bem como de grupos expostos aos riscos gerados pela situação (trabalhadores de saúde, defesa civil e limpeza urbana e outros) e COMPLETAR o esquema vacinal contra o tétano.

– Importante: não se recomenda a vacinação em massa ou indiscriminadamente contra o tétano em situações de inundação. Iniciar a vacinação contra o tétano e aprazar as próximas doses, visando proteger contra o risco de tétano por outros ferimentos futuros. Orientar a população quanto as medidas de prevenção

Orientar a população quanto as medidas de prevenção

– Após as águas baixarem, deve-se proceder à limpeza da lama das enchentes e à desinfecção de domicílios com solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), diluída em água, na proporção de 2 copos (400ml) para 20 litros de água. Esta solução pode diminuir de maneira considerável as chances de infecção pela leptospirose.

– Evitar o consumo de água contaminada, por meio de medidas emergenciais (educação em saúde e distribuição de hipoclorito de sódio a 2,5% para desinfecção da água para beber e para cozinhar).

– Orientar o tratamento da água para consumo humano com hipoclorito de sódio a 2,5% na medida de 2 gotas para cada 1 litro de água aguardando 30 minutos antes do consumo ou por meio da ebulição (fervura), durante 1 ou 2 minutos.

– Orientar que o acondicionamento da água já tratada seja feito em recipientes higienizados.

– Orientar a limpeza e desinfecção de Caixa d´água.

– Orientar as pessoas que estão em situação de risco (em alojamentos) a intensificar os cuidados com higiene.

– Frequente higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento.

– Cobrir nariz e boca com lenço quando espirrar ou tossir e higienizar as mãos após; Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca.

– Orientar quanto a possibilidade de contato com os animais peçonhentos: cuidado ao entrar na água. As pessoas devem ficar atentas para serpentes que podem estar nadando em busca de terra seca.

– Entrar com cuidado e observar atentamente a presença de animais peçonhentos.

– Bater os colchões antes de usar e sacudir cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis.

– Limpar o interior e os arredores da casa usando luvas, botas e calças compridas. Lembre-se: serpentes, aranhas ou escorpiões podem estar em qualquer parte da casa, principalmente em lugares escuros. NUNCA coloque as mãos em buracos ou frestas. Use ferramentas como enxadas, cabos de vassoura e pedaços compridos de madeira para mexer nos móveis.

– Em caso de encontrar animais peçonhentos dentro da residência, afaste deles sem assustá-los.

– Orientações a serem seguidas em caso de mordedura de ani imediatamente um serviço de saúde

– NUNCA se deve chupar o local da picada. Não amarrar o braço ou a perna picada, pois dificulta a circulação do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena.

– Não colocar folhas, querosene, pó de café, terra, fezes ou outras substâncias no local da picada, pois elas não impedem que o veneno vá para o sangue e podem provocar uma infecção.

Vigilância Epidemiológica

A notificação dos casos suspeitos é obrigatória e imediata investigação e adoção das medidas de controle pertinentes, inclusive vistoria ambiental conforme agravo notificado. Lembramos que os casos suspeitos devem ser notificados imediatamente, conforme o seguinte fluxo:

Dias úteis: Centros de Saúde e UPAS, até as 17h, ao Distrito Sanitário correspondente.

Demais horários e demais estabelecimentos de saúde, a qualquer hora, pelos seguintes fones 3212-3922/3212-3907/99985-

Ressaltamos que a rapidez da notificação é importante para o adoção de medidas preventivas.            

*Com informações da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis / Gerência de Vigilância Epidemiológica